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INCT-IDDC nas eleições argentinas | Boletim 2



Milei e o negacionismo climático

O candidato que lidera a disputa presidencial na Argentina, Javier Milei, retomou no segundo debate, ocorrido no domingo, a sua posição de desconfiança em relação ao aquecimento global. O candidato diz não negar a mudança climática, mas o faz de forma menos direta em seu discurso ao negar o papel humano neste fenômeno: “O que digo é que existe na Terra um ciclo de temperaturas, um comportamento cíclico. A diferença é que nos quatro anteriores não tinha o ser humano, e agora ele está aí. Portanto, todas essas políticas que culpam o ser humano pela mudança climática são falsas, e o que buscam é arrecadar fundos para financiar socialistas preguiçosos que escrevem artigos de quinta categoria”.


A aliança entre mudança climática e socialismo não é nova no discurso do candidato. Em uma entrevista ao youtuber Julian Serrano, em 2021, Milei havia afirmado “o aquecimento global é outra das mentiras do socialismo”. Para o candidato, o fenômeno climático é um produto associado a ideias marxistas. Agora, como candidato à Presidência, refutou, durante o debate, a Agenda 2030 e o Acordo de Paris, seguindo a linha de outro político negacionista, Donald Trump, ex-presidente dos EUA, que relacionou durante o seu governo Agenda 2030 e marxismo cultural.


O negacionismo histórico de Milei também inclui a negação do número de vítimas da ditadura. Afirmou que foi “uma guerra” onde o estado cometeu “excessos”, e defendeu que a história que foi contada trouxe uma visão fora dos fatos. Disse, ainda, que não está de acordo como curso dos direitos humanos.

Tudo isso se soma às suas propostas de eliminar a saúde e a educação pública para instaurar um sistema de vouchers, liberar o porte de armas, possibilitar a venda de órgãos, entre outras propostas.


Os debates eleitorais podem influenciar o resultado das eleições argentinas no primeiro turno?


As pesquisas eleitorais mostram a manutenção das posições dos candidatos desde as primárias, com o candidato antissistema Javier Milei em primeiro lugar, seguido do governista Sergio Massa e da candidata de centro direita, Patricia Bullrich. Os candidatos em segunda e terceira colocações estão embolados nesta reta final. A possibilidade de uma vitória de Milei no primeiro turno existe, mas é improvável. Mais incerto é o resultado do candidato que poderá seguir em segundo lugar na disputa eleitoral.


No último domingo, ocorreu o segundo debate presidencial. O Boletim 1 trouxe um panorama geral sobre o primeiro debate que, segundo analistas da grande imprensa, não empolgou a quem o assistiu. No entanto, esse primeiro momento foi importante para um balanço geral dos candidatos que voltaram ao debate televisionado ontem à noite. O segundo debate presidencial atingiu, novamente, picos de 40 pontos e foi avaliado como mais “aquecido” pela imprensa argentina.


Clarin: O jornal ressaltou a performance da candidata de direita, Bullrick, antes nervosa, agora mais aguerrida. Massa, o principal alvo do debate, foi atacado desde o início e de forma mais direta. Reconhecido por analistas por ter uma melhor oratória, Massa foi encurralado pelos resultados ruins na área econômica e escândalos de aliados. Já Milei estava mais opaco.

Leia aqui:


Página 12: O periódico avaliou que neste último debate os candidatos escolheram uma apresentação mais previsível. Milei evitou ler as respostas e as mensagens pouco claras, mas elas estiveram presentes em tópicos negacionistas. Massa se esquivou das lutas e concentrou-se em propostas compreensíveis. Bullrich aumentou o tom, e usou frase prontas. Os candidatos com pouca chance de se manter na disputa eleitoral, Schiaretti e Bregman, mantiveram-se tranquilos.

Leia aqui:


Infobase: Quatro especialistas da Infobase avaliam quem ganhou e quem perdeu no segundo debate presidencial e apresentam concordância: Bullrich melhora o seu desempenho, Massa consegue resistir aos ataques e Milei regrediu em relação ao primeiro debate. Quem se destacou, contudo, foi a candidata de esquerda, Schiaretti, fora da disputa principal.

Leia aqui:


Quem disse o que no debate

“Você acredita que é possível uma Argentina diferente com os mesmos velhos?”. Javier Mielei (La Liberdad Avanza)

“Vamos criar um FBI argentino”. Sergio Massa (Unión por la Patria)

“Use o seu poder para dizer não ao Kirchnerismo”. Patricia Bullrich (Hacemos por Nuestro Pais).


Para finalizar:

O podcast “Un padre, um hijo y um abismo: el ascenso de Javier Milei na Argentina” (em tradução livre “Um pai, um filho e um abismo: a ascensão de Javier Milei na Argentina”) mostra a existência de um conflito geracional nestas eleições presidenciais ocasionado pelo apoio volumoso de jovens argentinos ao candidato de extrema direita, Javier Milei.



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